Quem pode doar e quem pode receber

O doador

Qualquer pessoa pode doar seus órgãos, desde que não tenha passado por doenças que possam prejudicar o funcionamento do órgão ou tenha tido alguma doença que possa provocar contaminação como hepatite, que prejudica o fígado, aids ou câncer. No caso dos rins, é possível uma doação em vida de um dos dois órgãos do doador. No caso das córneas, é possível a doação até seis dias após a morte. Para os outros casos, é necessário que o doador tenha sido diagnosticado por morte encefálica. Não há limite de idade para a doação dos órgãos, desde que o quadro clínico da pessoa seja bom e compatível com o receptor, o que quer dizer mesmo tipo sanguíneo, peso e tamanho dos órgãos semelhantes e compatibilidade genéticas que evitam a rejeição.

Charge de Waldez
Campanha da ong Adote pela doação de órgãos

Para que os órgãos sejam doados, é preciso que a família autorize a doação. Por isso, é importante, se você quiser doar seus órgãos, deixe isso claro para seus familiares. No Brasil, a média de aceitação é de 70% nesses casos. Apenas questões morais e culturais acabam impedindo a doação, mesmo as testemunhas de Jeová, que são proibidas de doar sangue, aceitam em sua doutrina a doação de órgãos. Mesmo assim, a porcentagem de possíveis doadores no número de mortos é muito pequena. Cerca de 1% das pessoas que morrem são doadores em potencial.

Além de todas essas limitações, é necessário rapidez para que o transplante tenha sucesso. O coração, o pâncreas e o pulmão, por exemplo, só sobrevivem por quatro horas entre a retirada e a doação, por isso, o aconselhável é que as duas cirurgias ocorram simultaneamente. O fígado resiste até 24 horas fora do organismo. O rim pode esperar de 24 a 48 horas. Já a córnea pode permanecer até seis dias fora do organismo, desde que mantida em condições apropriadas de conservação.

O receptor

Pessoas com graves problemas nos órgãos devem receber os órgãos. Insuficiência renal, doença cardíaca, doença pulmonar e cirrose hepática são tratadas de maneira mais eficaz com um transplante. No caso de problemas do coração, do pulmão e de outros órgãos altamente sensíveis, um transplante é o último recurso. No entanto, se outros tratamentos foram feitos e o paciente quer e tem condições, transplantar é uma opção ótima e viável. A fila para o transplante, no entanto, é grande. Mais de 70 mil pessoas no país esperam por um órgão. Dependendo do órgão e do Estado onde está o receptor, a espera pode ser de mais de três anos, o que em muitos casos é sinônimo de morte. As listas são estipuladas por ordem cronológica ou em alguns casos como o caso do fígado pela gravidade da doença. Para receber, é preciso ser compatível e não estar com nenhuma outra doença ou quadro virótico. Se o primeiro da fila não tiver essas condições passa para o outro, assim sucessivamente.

­O que é morte encefálica

Morte encefálica é uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, sua morte é a interrupção definitiva das atividades cerebrais. Exames de circulação cerebral diagnosticam o quadro. Só para esclarecer, morte encefálica não é coma. Este é reversível, do ponto de vista médico, mesmo que leve anos.


Há venda de órgãos?

O comércio de órgãos é praticamente inexistente no Brasil, já que é ilegal e custoso. Quem vender um rim pode ser condenado a até três anos de prisão.

O transplante de medula óssea

A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos. É o famoso “tutano”. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. O transplante de medula óssea consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula. Ele é indicado para doenças do sangue como anemia aplástica grave e em alguns tipos de leucemias, como a leucemia mielóide aguda, leucemia mielóide crônica e leucemia linfóide aguda.

O transplante de medula óssea é outro caso em que não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita por meio de uma pequena cirurgia, de aproximadamente 90 minutos, em que são realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 10%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde. Hoje, já existem mais de 5 milhões de doadores.

O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) coordena a pesquisa de doadores nos bancos brasileiros e estrangeiros.